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No instante seguinte, Alice atravessara o
espelho e saltara lepidamente na salada Casa do Espelho. A primeira coisa que
fez foi verificar se havia fogo na lareira, e
ficou muito satisfeita ao constatar que havia um fogo de verdade,
crepitando tão alegremente quanto o que deixara para trás. “Assim vou ficar tão
aquecida aqui quanto estava lá na sala”, pensou, “ou mais aquecida, porque aqui
não vai haver ninguém mandando que eu me
afaste do fogo. Oh, como vai ser engraçado quandome virem aqui, através do espelho,
e não puderem me alcançar!”
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Em seguida começou a olhar em volta e notou
que o que podia ser visto da sala anterior era bastante banal e
desinteressante, mas todo o resto era tão diferente quanto possível. Por
exemplo, os quadros na parede perto da lareira pareciam todos vivos, e o
próprio relógio sobre o console (você sabe que só pode ver o fundo dele no
espelho) tinha o rosto de um velhinho, e sorria para ela.
(CARROLL, Lewis. Através do
espelho. In: Alice: edição comentada.
Trad. Maria Luíza X. de A. Borges. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2002, p. 136 a 139.)
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