A MISÉRIA É DE TODOS NÓS
Como entender a
resistência da miséria no Brasil, uma chaga social que remonta aos primórdios
da colonização? No decorrer das últimas décadas, enquanto a miséria se mantinha
mais ou menos do mesmo tamanho, todos os indicadores sociais brasileiros
melhoraram. Há mais crianças em idade escolar freqüentando aulas atualmente do
que em qualquer outro período da nossa história. As taxas de analfabetismo e
mortalidade infantil também são as menores desde que se passou a registrá-las
nacionalmente. O Brasil figura entre as dez nações de economia mais forte do
mundo. No campo diplomático, começa a exercitar seus músculos. Vem firmando uma
inconteste liderança política regional na América Latina, ao mesmo tempo que
atrai a simpatia do Terceiro Mundo por ter se tornado um forte oponente das
injustas políticas de comércio dos países ricos. Apesar de todos esses avanços,
a miséria resiste. Embora em algumas de suas ocorrências, especialmente na zona
rural, esteja confinada a bolsões invisíveis aos olhos dos brasileiros mais bem
posicionados na escala social, a miséria é onipresente. Nas grandes cidades,
com aterrorizante freqüência, ela atravessa o fosso social profundo e se
manifesta de forma violenta. A mais assustadora dessas manifestações é a
criminalidade, que, se não tem na pobreza sua única causa, certamente em razão
dela se tornou mais disseminada e cruel. Explicar a resistência da pobreza
extrema entre milhões de habitantes não é uma empreitada simples.
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